• História de Lajedo-PE

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Breve Histórico de Lajedo-PE

Colonização do município de Lajedo/PE:

       Para que possamos compreender o processo de colonização de Lajedo é necessário recordarmos alguns fatos históricos do início da colonização do Brasil. No ano 1500, quando o rei de Portugal D. Manuel preparou uma esquadra (conjunto de navios) comandada por Pedro Álvares Cabral, com o objetivo de fazer uma viagem às terras distantes das Índias, a fim de expandir os domínios de Portugal, essa esquadra viajou aproximadamente dois meses até chegar às terras que hoje formam o Brasil. Em 22 de abril de 1500, ao descerem na atual Bahia, encontraram os indígenas, primeiros habitantes de nosso país.
No dia 02 de maio, a esquadra saiu do Brasil, para continuar sua viagem, e Pedro Álvares Cabral deixou uma cruz de madeira para confirmar que Portugal passava a ser dono do local. A terra descoberta recebeu vários nomes, dentre eles: Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e Brasil, motivado pela grande quantidade de pau-brasil (madeira da qual se extraía uma tinta vermelha, muito usada para tinturaria naquela época).
         Em 1534, visando a intensificar a colonização brasileira e a torná-la uma fonte de lucro, o rei de Portugal, D. João III, dividiu a terra brasileira em 15 capitanias hereditárias. As capitanias eram imensos lotes de terras, entregues a pessoas de confiança do rei, chamadas de donatários. Eles tinham que explorar suas capitanias com seus próprios recursos. As capitanias passavam de pai para filho, por esse motivo eram chamadas hereditárias.
        Uma dessas capitanias foi chamada de Nova Lusitânia, e foi confiada ao donatário Duarte Coelho. Essa capitania depois passou a se chamar Pernambuco. E Duarte Coelho imediatamente aqui se instalou com sua família, fundando as vilas Olinda e Igaraçu e plantando as primeiras mudas de cana-de-açúcar no local. Pernambuco foi, de todas, a capitania que mais se desenvolveu, como também a capitania de São Vicente. As demais não prosperaram devido à grande extensão e a falta de recursos dos donatários para colonizá-las, dentre outros fatores.

       Entre os principais direitos dos donatários, se destacavam o poder de criação de vilas, a organização da defesa militar da colônia, e o mais importante, a doação de sesmarias.

       O que é sesmaria? É uma extensão de terras da capitania, que os donatários eram obrigados a distribuir para promover o povoamento e iniciar a valorização econômica da colônia. As terras eram doadas a quem se dispusesse a cultivá-las, e ao sesmeiro (pessoa que recebia a sesmaria) cabia a propriedade plena da terra, sendo seu dever ocupa-la efetivamente e fazê-la produzir no prazo máximo de cinco anos. O não cumprimento dessa cláusula implicaria uma multa e, em caso extremo, a perda da sesmaria. Por isso, a sesmaria era concedida apenas àqueles que comprovassem dispor de recursos suficientes para tornar a terra produtiva. A doação de sesmarias tinha como principal objetivo acelerar o processo de colonização do Brasil. A colonização do Agreste, e consequentemente de Lajedo, tem início a partir da doação de uma sesmaria.

       Muito tempo depois, em 23 de dezembro de 1671, quando o donatário da capitania de Pernambuco, o Sr. Fernão de Souza Coutinho, doou uma sesmaria, equivalente a 20² lég. (vinte léguas quadradas) de terras a três moradores de Olinda, eram eles: Bernardo Vieira de Melo, Antônio Pereira Pinto e Manoel Vieira de Lemos.

       Observe na citação abaixo a localização dessas terras:

  “cujo limite eram as águas pendentes, para o rio Ipojuca e o riacho Mentiroso, a meia distância da confrontação de Caruaru e as nascentes do dito riacho, e em rumo para o sul, cruzava os rios Una e Pirangi, até uma légua de distância, seguia paralelamente acima, até as confrontações da atual cidade de Quipapá, de onde rumava até a barra do riacho Água Vermelha, no rio Canhoto e pela margem esquerda desse rio, ia as suas cabeceiras, e daí para o norte, passando pelas cabeceiras do rio Una, atingindo o rio Ipojuca, continuando por este abaixo, até a barra do riacho Bituri, de onde rumava diretamente para a serra de Taquara e pelas águas pendentes dessa serra entre os rios Ipojuca e Una, onde começava”

  (Livro “História de Garanhuns” de Alfredo Leite Cavancanti vol. I, pág. 27.  apud “Canhotinho”, de Costa Porto, pág. 26).

 

        Este local é a área territorial dos seguintes atuais municípios: Palmeirina, Angelim, Canhotinho, Quipapá, Panelas, Lagoa dos Gatos, Jurema, LAJEDO, Calçado, Cachoeirinha,  São  Caetano, Altinho, Caruaru, Tacaimbó, Sanharó, São Bento do Una, Capoeiras, Alagoinha, entre outras, grande parte do Agreste Pernambucano. A partir daí, passamos a descobrir o início e todo processo de colonização do Agreste, e consequentemente de Lajedo.

     Anos depois, Bernardo Vieira se tornou o único dono das 20² lég. (vinte  léguas quadradas) de terras, por haver comprado a parte de propriedade de Manoel Vieira deLemos, assim como por ter ganhado as de Antônio Pereira Pinto, que, por não explorar suas terras no prazo pedido, perdeu-as para Bernardo Vieira, ficando ele com todo espaço territorial doado pelo donatário.

        Em meados da década de 1680, Bernardo Vieira faleceu, fato esse que ocasionou a primeira divisão das citadas terras para sete herdeiros, dentre eles, Antônio Vieira de Melo, que foi o principal cultivador e administrador dessas terras.
       Antônio Vieira de Melo, em meados de 1690, estabeleceu uma série de sítios e fazendas autônomas e interligadas entre si por estradas, todas dando acesso ao centro: na fazenda de Jupi, que se tornou sua residência, ele construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Sendo ele o único realmente empenhado na exploração dessas terras, tornou-se o único dono da herança paterna, comprando a parte de seus irmãos. Entretanto, após algum tempo, ele doou e vendeu grandes lotes de terras a parentes e amigos, como também a estranhos.

“Em 22 de outubro de 1764, constam oito propriedades, são elas: Chata, Chatinha, Luz, Mimoso, Una, Divisão, Tacaimbó e Jupi, em um testamento da data acima citada, de Antônio Vieira de Melo, deixando as tais propriedades a seus dois filhos: Alexandre Muniz e Antônio Vieira de Melo (filho)”
( Canhotinho”, de Costa Porto, pág. 29).

        A partir deste fato, seus filhos foram vendendo essas terras, e foi aumentando cada vez mais o número de fazendas, fazendas estas que foram o fundamento de povoados e municípios.
Certamente entre essa diversidade de fazendas havia também a Fazenda Cágado, propriedade de uma pessoa que conhecemos por “Coletor”. Não sabemos se ele exercia tal profissão ou se era algum apelido. Em meados de 1850, o Coletor vendeu sua fazenda ao Sr. Vicente Ferreira, que vinha da Fazenda Altinho com seus filhos e escravos. Ele era viúvo e, dentre seus filhos, estava o Sr. José Ferreira da Silva, chamado Barão Cazuza.
     Vicente Ferreira explorou bem sua fazenda, que era um grande matagal, construiu sua residência nos Olhinhos D’Água (não é o atual povoado Olho D’Água dos Pombos), criando ali uma pequena fábrica de farinha de mandioca, a popular “casa de farinha”. Vicente Ferreira possuía um pequeno rebanho de caprinos, e o local que a princípio escolhera para os instalar lhe causava prejuízo, pelo aparecimento de predadores de seu rebanho, então ele resolveu se instalar em um local mais “aberto” de sua fazenda: nas lajes. Em sua costumeira linguagem, chamava lajeiros, uma formação rochosa natural com formato de caldeirões, que havia em grande quantidade em sua fazenda. Logo depois, seu filho José Ferreira da Silva, o Barão Cazuza, construiu uma pequena habitação também próxima dos lajeiros, precisamente na atual Praça Santo Antônio, casa de nº. 17. Vicente Ferreira e seu filho José Ferreira da Silva se casaram numa mesma ocasião, sendo o celebrante o Pe. Nemésio, à época, pároco de Garanhuns, e ambos construíram uma grande prole.

        José Ferreira da Silva,  que  certamente  tinha  um  grande  prestígio  entre  os  líderes políticos da época, conseguiu autorização para desviar a estrada que dava acesso à Fazenda Jurema e ao povoado que se formava nomeado de São Bento, de modo que passasse no local  de  sua  residência. Ele instalou  um  ponto  comercial  (uma  vendinha), com  o objetivo  de  que  os  viajantes  de  passagem  comprassem  em  seu  estabelecimento comercial. Ali foi, aos poucos, formando-se um povoado, vindo seus familiares e suas esposas a residir no local.

     Foram os primeiros habitantes: Vicente Ferreira, José Ferreira da Silva, Manoel Vicente, Manoel Cazuza, José Cazuza, Tenente Deodato, Coronel Umbuzeiro, escravos de Vicente Ferreira, dentre outros. Infelizmente nos acervos das famílias antigas de nosso município não encontrei fotografias dessas pessoas. 

     Um fato inédito para a história de Lajedo descoberto em minhas pesquisas é que, antes de ser povoado dos municípios de São Bento do Una e Canhotinho, Lajedo foi integrante do território do município de Garanhuns, e, pela data, foi provavelmente quando Lajedo ainda era uma fazenda.

Observemos algumas citações retiradas do livro “História de Garanhuns”, do autor Alfredo Leite Cavalcanti:

“Foi criado o município de São Bento do Una em 30 de abril de 1860 e instalado em 06 de fevereiro do ano seguinte, dando lugar ao desmembramento não somente do seu território, como do atual município de Lajedo, a maior parte de Canhotinho e grande parte de Angelim, do território de Garanhuns

    (‘História de Garanhuns”, 2ª ed., pág. 121)

     Essa citação, extraída do referido livro do autor Alfredo Cavalcanti Leite, comprova essa importante descoberta sobre o passado remoto de Lajedo.

        Em meados da década de 1840, na Fazenda do Uma, vizinha a Lajedo, surgia um povoado em que, em razão da grande quantidade de cobras no local, o povo clamava pela proteção de São Bento. Por esse motivo, ficou nominado aquele povoado. Através da Lei Provincial de 30 de abril de 1860, foi elevado à categoria de vila, de acordo com a Constituição em vigor à época, que dizia: 

 “Na Constituição Imperial de 25 de março de 1824, cujo artigo 167, em todas as cidades e vilas ora existentes e nas mais que para o futuro se criarem haverá câmaras as quais compete o governo econômico e municipal das mesmas cidades e vilas”                                                                                                   (“Canhotinho”, de Costa Porto, pág. 60).

       Através dos relatos acima, percebemos que, na Constituição em vigor na época, as vilas eram como municípios, possuindo as autoridades que tem um município. Concluímos assim que a Lei Provincial de 30 de abril de 1860 tornava a São Bento em município. Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o que estamos estudando? Tudo! Tem tudo a ver com o nosso estudo, pois esse diploma criando o município de São Bento do Una tornava distrito, ou espaço territorial, do referido município os seguintes povoados:

 “Abrangendo os distritos de Cachoeirinha,  Jupi,  Calçado,  Lajeiro  (Lajedo)  e  Canhotinho;  como  se  lê  em documento datado de 15 de setembro de 1885, constante na Coleção Crespo”.

   (“Canhotinho”, de Costa Porto, pág. 43).

        Percebemos que, nessa data, Lajedo passou para uma categoria mais elevada de fazenda, a povoado ou distrito do município de São Bento do Una. Este é um fato da história de Lajedo que poucas pessoas têm conhecimento.

       Por iniciativa de José Ferreira da Silva, o Barão Cazuza, foi construída no povoado uma casinha de oração, o que foi realizado com ajuda de familiares e amigos, sendo, em meados de 1885, celebrada a primeira missa no povoado. Foi celebrante o Pe. João José do Divino Espírito Santo, à época pároco da cidade de São Bento do Una, e tinha como seu Padroeiro Santo Inácio, sendo o povoado costumeiramente chamado “Santo Inácio dos Lajeiros”. No mesmo dia em que foi realizada a primeira missa, também foi realizada uma pequena feirinha que, por motivos desconhecidos, logo foi desativada.

        Enquanto isso, ao redor do povoado  aconteciam fatos importantes de serem aqui relatados, pelo motivo de que os mesmos vieram a modificar os destinos do povoado  Santo Inácio dos Lajeiros. O Coronel Francisco Inácio de Paiva, um importante líder político de São Bento do Una, que participou ativamente de diversos episódios políticos no citado município, quando, em meados de 1884, fugindo de perseguições políticas de seus adversários, foi residir no distrito de Canhotinho, costumeiramente chamado de  Volta do Canhoto, sobrevindo à proclamação da república, foi ele, aos poucos, perdendo o interesse pela política de São Bento do Una, empenhando-se na luta pelo objetivo de alcançar a emancipação política do distrito de Canhotinho.

        Tal emancipação aconteceu através do ato baixado pelo Governador Albino  Meira, em  28  de  junho  de  1890, outorgando ao distrito de Canhotinho a elevação à   categoria de vila, com autonomia político-administrativa. Estando ainda em vigor a constituição anteriormente citada, passa Canhotinho a ter todas as autoridades municipais, iniciando sua história como um município, sendo o município de Canhotinho assim composto: “Sede e os seguintes distritos: Glicério (ou Paquevira), Tipy, Calçado, Lagêdo (Lajedo), Jupi e Palmeira.” (“O Centenário da Independência em Canhotinho”, pág. 38).

Assim que Canhotinho, alcançou sua autonomia política, conseguiu que, dentre outros distritos, Lagêdo fizesse parte de seu espaço territorial.  

Sociedade lajedense na década de 1920, vendo-se Alfredinho, Lalu (Deolinda Amaral), Sinhá, Cecília, José Pereira de Carvalho e sua esposa Florzinha, Dina Jordão, Amélia e as crianças Maria da Penha e Maria Cordeiro, dentre outros (acervo da Sr.ª Adolfina Pacheco, publicado no livro Lembranças da Primavera, de Antônio Oliveira).
Damas da sociedade lajedense, em meados de 1940:Dentre elas vemos Ignez de Paula Medeiros (Dondinha) e a sua filha, a professora Júlia Costa Medeiros. Percebemos o estilo de fotografia da época parecida com a anterior em um espaço aberto com árvores. Em destaque e ao centro das damas, um vaso de flores, o que, de certa forma, traduz os costumes da época.

Emancipação Política de Lajedo

     O processo de emancipação política de Lajedo teve início em meados de 1944. Em uma tarde chuvosa, o Dr. Antônio Dourado se encontrava nas proximidades da atual Igreja Matriz de Santo Antônio, como também do cemitério da época, onde esperava passar a chuva para voltar à sua residência.

     A chuva cessou depois de ter arrastado muitos entulhos e, principalmente, diversos restos mortais pelas ruas da vila. Dr. Antônio Dourado presenciou o acontecimento com sentimento de indignação. Tomou a providência de procurar o prefeito de Canhotinho, para relatar o fato e pedir uma solução.

     O Dr. Antônio Dourado foi até a Prefeitura de Canhotinho, para narrar ao prefeito Eugênio Tavares de Miranda os acontecimentos que tinha presenciado, pedindo ao prefeito que tomasse atitudes necessárias diante de tal situação.

     O prefeito Eugênio Tavares de Miranda prometeu fazer um novo cemitério na vila, e pediu ao Dr. Antônio Dourado para administrar a obra, confiando-lhe a verba necessária.  Dr. Antônio Dourado aceitou a proposta. O prefeito lhe deu a importância de “dez contos de réis” (em duas etapas, uma no citado dia e outra após trinta dias).

    Um senhor conhecido como “Pai João” doou o terreno para construção do cemitério. Dr. Dourado contratou um pedreiro, que se chamava Sr. Antônio Vilela, e um servente de nome desconhecido.

    As obras foram concluídas, sobrando da verba dada pelo prefeito Eugênio Tavares de Miranda a importância de “um conto de réis”.  Dr. Antônio Dourado foi até Canhotinho devolver ao prefeito a verba que sobrou. Nomeou o cemitério de Santo Inácio, que atualmente ainda funciona com o mesmo nome, com ampliações realizadas pela Prefeitura Municipal. A entrada do cemitério era no sentido do conhecido cruzeiro.

   O primeiro a ser sepultado no cemitério construído foi o Pai João, o Sr. que doou o terreno para a construção do cemitério. O antigo cemitério foi demolido. Era localizado na atual Avenida Dezenove de Maio, nas imediações da Igreja Matriz de Santo Antônio.

    Dr. Antônio Dourado ficou muito conhecido em Canhotinho pelo ato público que realizou em Lajedo, como também por sua honestidade em devolver a verba restante (fato raríssimo, até mesmo naquela época).  Dois anos depois desse fato, em 1946, o Dr. Antônio Dourado se candidatou a prefeito de Canhotinho. 

Aquela eleição ficou composta pelos seguintes candidatos:

  • Manoel Vidal dos Santos, pelo partido UDN – União Democrática Nacional;
  • Antônio Dourado Cavalcanti, pelo partido PSD – Partido Social Democrático.

   Dr. Antônio Dourado ganhou a eleição, no entanto seu opositor conseguiu  que duas urnas fossem impugnadas, sob a alegação de suspeitas de irregularidades. Após noventa dias de análises, foram anuladas as urnas.

    Com essas duas urnas, foram impugnados 206 votos do Dr. Antônio Dourado, assim ele não foi eleito por uma diferença de quatro votos. Sentindo-se prejudicado, procurou o governador do Estado, à época Sr. Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, para explicar os acontecimentos e solicitar uma solução.

   Afirmou Dr. Antônio Dourado em entrevista que o governador Alexandre Barbosa Lima Sobrinho lhe disse o seguinte: Dr. Antônio Dourado, vou ser governador de Pernambuco durante o período de 03 anos, devido a uma batalha judicial entre eu e Neto Campelo, que passou um ano para ser solucionada. Assim como aconteceu comigo, no seu caso também teremos muitas dificuldades. Aconselho-o a trabalhar em prol de fazer do povoado Lajedo um município independente.  Desse fato, surgiu o interesse de muitos em lutar em prol da emancipação política de Lajedo.

            O professor Antônio de Sousa Vilaça, quando seminarista na cidade de Garanhuns, exerceu influência para a criação da Paróquia de Santo Antônio de Lajedo, bem como para a sua independência política. Heráclio de Moraes do Rêgo, filho do coronel Francisco Heráclio do Rêgo (Chico Heráclio), era deputado estadual, grande proprietário de terras, além de exercer forte influência política na cidade de Limoeiro. Como Antônio de Sousa Vilaça gozava da amizade de Heráclio do Rêgo, fez um pedido para que este apresentasse na Assembleia Legislativa um projeto de lei solicitando a independência política do distrito de Lajedo.

           Heráclio de Moraes do Rêgo apresentou o projeto de lei nº. 66, solicitando a criação do município de Lajedo. Em 07 de junho de 1948, o projeto foi aprovado e decretado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco / ALEPE.

          O projeto de lei de emancipação política do distrito de Lajedo dá ênfase à forte economia do local. A localização estratégica, o número de habitantes e prédios, dentre outras vantagens que se enquadravam na lei de organização municipal, eram exigências para a criação de um município.

         Em 24 de dezembro de 1948, o governador de Pernambuco sancionou a Lei nº. 377, emancipando, então, Lajedo de Canhotinho.

 

     Como comprovam os dados históricos, Antônio de Sousa Vilaça foi um importante líder que influenciou diretamente no processo de emancipação política de Lajedo. No entanto, Antônio Dourado Cavalcanti teve sua parcela de contribuição nesse processo, conforme afirma o professor Antônio de Sousa Vilaça em seu livro Memórias.

    Era deputado estadual Heráclio do Rêgo e, a meu pedido, ele apresentou à câmara projeto que se tornou vitorioso. A Lei 377, de 24 de dezembro de 1948, assinada pelo governador Barbosa Lima Sobrinho desmembrou o distrito de Lajedo do município de Canhotinho. No ano seguinte, a 19 de janeiro, Guilhermino Virgulino de Sobral (meu pai) assumia as funções de primeiro prefeito do novo município. Justo reconhecer o trabalho do Dr. Armando Monteiro (sênior) ao tempo, também deputado estadual, e do seu cunhado, o Dr. Antônio Dourado Cavalcanti, médico da localidade. (VILAÇA, 1978, p. 152).

   Esses dados, embasados em importantes documentos históricos, são importantes para esclarecer alguns equívocos, os quais atribuem a autonomia política de Lajedo apenas ao trabalho do médico Antônio Dourado Cavalcanti.

    O período das eleições municipais iria demorar principalmente no novo município, pois estava em fase de organização. Guilhermino Virgulino de Sobral, pai do professor Antônio de Sousa Vilaça, foi escolhido para exercer, interinamente, o cargo de prefeito, durante 04 meses, até que estivesse organizada a primeira eleição do município. A princípio ele não aceitou, vindo a concordar depois, sendo nomeado prefeito interino no dia 12 de janeiro de 1949. 

    Guilhermino Virgulino de Sobral assumiu o cargo de prefeito em 19 de janeiro de 1949. Sua primeira ação ao tomar posse foi a de providenciar um prédio para o funcionamento da prefeitura. Ele tinha,, ao lado de sua casa um depósito onde armazenava suas safras, e como não havia um local para instalar a sede da prefeitura, desocupou o referido local, transformando-o na primeira sede da prefeitura. 

          Na sua administração foram nomeadas várias pessoas para assumir cargos de grande importância. O prefeito dava seus primeiros passos para o desenvolvimento do município.

 Os nomeados foram os seguintes:

Tesoureiro: Sr. José Paulo Barbosa;

Secretário: Sr. José Vieira da Silva;

Agente  arrecadador: Sr.  Antônio   Francisco Galdino;

Escriturária: Senhorita Elizabete Gomes;

 Arquiteto: Sr. João Antônio de Medeiros;

 Fiscal Geral: Sr. Cassimiro Carlos Barbosa;

Porteiro: Sr. Antônio Caetano dos Santos.

   Em sua administração, foi adquirido o primeiro transporte da prefeitura de Lajedo. Não era um tipo de transporte que costumamos ver atualmente, servindo a prefeitura, tratava-se do popular “Boi Mineiro”.

Era preparada a primeira eleição de Lajedo, que ocorreu no dia 8 de maio de 1949, tendo como primeiros candidatos a prefeito:
– José Nonato de Oliveira, pelo partido PSD – Partido Social Democrático;
– Francisco Cordeiro Magalhães, pelo partido UDN – União Democrática Nacional.

O vencedor foi o Sr. José Nonato de Oliveira e os vereadores eleitos foram os seguintes:

– Adalberto de Castro Barreto;
– Arlindo Ferreira da Silva;
– Clementino Francisco de Lima;
– Estefânia Costa Crespo;
– Francisco Manoel de Torres;
– Antônio Paulo Barbosa;
– José de Andrade Amaral;
– José Jordão Sobrinho;
– Manoel Vieira de Melo.

    Em 19 de maio de 1949, foi realizada a primeira Seção Ordinária da Câmara Municipal de Lajedo, comparecendo todos os vereadores eleitos no pleito de 8 de maio. O presidente da Câmara, Adalberto de Castro Barreto, na citada reunião, foi substituído pelo período de 17 dias pelo Sr. José de Andrade Amaral, a fim de assumir o cargo de prefeito, até que o novo prédio da prefeitura e a organização da festa de posse do prefeito eleito, José Nonato de Oliveira, estivessem prontas. Isso somente veio acontecer no dia 05 de junho de 1949.
      Em 19 de maio de 1949, Adalberto de Castro Barreto foi nomeado prefeito de Lajedo. (É importante lembrar que, no dia 20 de maio, o Sr. Guilhermino Virgulino de Sobral tomou posse como primeiro juiz, também interinamente). Consta na ata da primeira Seção Ordinária da Câmara Municipal de Lajedo que, após o Sr. Guilhermino Virgulino de Sobral entregar o cargo de prefeito ao Sr. Adalberto de Castro Barreto, usou a palavra o Sr. José de Andrade Amaral, elogiando a atuação do Sr. Guilhermino como prefeito e fazendo um apelo para que, em nome dos lajedenses, unidos, esquecessem os ressentimentos da campanha eleitoral, tendo como único objetivo o engrandecimento do município.
   Quase todos os vereadores fizeram uso da palavra, encerrando com o prefeito recém-empossado, Adalberto de Castro Barreto, que disse: “Prometo tudo fazer para o bem de Lajedo, visando principalmente à união política e social da família lajedense”.
Observamos que, em 19 de maio de 1949, data em que comemoramos a emancipação política de Lajedo, tomaram posse as autoridades municipais eleitas, substituindo o prefeito estava o presidente da Câmara, Adalberto de Castro Barreto.
    A posse do primeiro prefeito eleito, José Nonato de Oliveira aconteceu em 05 de junho de 1949. Às 16 horas, reuniram-se no salão da prefeitura (que passou a funcionar no antigo prédio da Coletoria Federal, na atual Praça Santo Antônio), todos os vereadores, como também autoridades dos municípios vizinhos e a família lajedense da época, para empossar o prefeito José Nonato de Oliveira e o vice-prefeito Simpliciano Cardoso da Silva. Iniciou os discursos o Presidente da Câmara, investido temporariamente no cargo de prefeito, Adalberto de Castro Barreto, que ressaltou a importância do momento que estavam vivenciando, passando Lajedo à sua autonomia política. Após isso, convocou os senhores José Nonato de Oliveira e Simpliciano Cardoso da Silva  para lerem os compromissos de posse.

      Ao término, as autoridades recém-empossadas receberam uma calorosa salva de palmas de todos os que estavam presentes. Em seguida, discursaram os vereadores, autoridades de cidades vizinhas, sempre parabenizando Lajedo pelo momento que estava vivenciando. Lajedo tinha suas autoridades municipais. Aos poucos, a população de Lajedo via seu sonho se concretizar. 

 

Posse do Primeiro Prefeito eleito de Lajedo-PE - José Nonato de Oliveira

Galeria do Poder Executivo de Lajedo-PE

Período administrativo 19/01/1949 – 19/05/1949: Guilhermino Virgulino de Sobral (interino). 
De 19/05/1949 a 05/06/1949 o prefeito em exercício foi Adalberto de Castro Barreto.
Período administrativo 19/05/1949 – 19/05/1953: José Nonato de Oliveira. 
Período administrativo 19/05/1953 – 19/05/1957: Antônio Dourado Cavalcanti.
Período administrativo 19/05/1957 – 19/05/1961: José Firmino Burgos.
Período administrativo 19/05/1961 – 19/05/1965: Francisco Ferreira Rosa.
De 25/04/1965 a 19/05/1965 o prefeito em exercício foi Arlindo Ferreira da Silva.
Período administrativo 19/05/1965 – 30/01/1970: Clementino Francisco de Lima.
Período administrativo 30/01/1970 – 31/01/1973: Francisco Manoel de Torres.
Período administrativo 31/01/1973 – 31/01/1977: José Ferreira Rosa.
Período administrativo 31/01/1977 – 31/01/1983: Lídio Cosme da Silva.
Período administrativo 31/01/1983 – 01/01/1989: Adelmo Duarte Ribeiro.
Período administrativo 01/01/1989 – 01/01/1993: Lídio Cosme da Silva.
Período administrativo 01/01/1993 – 01/01/1997: Adelmo Duarte Ribeiro.
Período administrativo 01/01/1997 – 01/01/2001: Antônio João Dourado.
Período administrativo 01/01/2001 – 01/01/2005: Antônio João Dourado.
Período administrativo 01/01/2005 – 01/01/2009: Rômulo Nunes Maia.
Período administrativo 01/01/2009 – 01/01/2013: Antônio João Dourado.
De 31/03/2012 á 01/01/2013 o prefeito em exercício foi Juvenal Inácio da Silva.
Período administrativo 01/01/2013 – 01/01/2017: Rossine Blesmany dosSantos Cordeiro.
Período administrativo 01/01/2017 – 01/01/2021: Rossine Blesmany dosSantos Cordeiro.
Período administrativo 01/01/2021 – 16/06/2021: Adelmo Duarte Ribeiro. (Faleceu no exercício do mandato).
Período administrativo: 17/06/2021 – atual: Erivaldo Rodrigues Amorim. 

 

As fotografias compõem o acervo da Prefeitura Municipal de Lajedo-PE

INCENTIVO CULTURAL

O PROJETO

       O site “Rede Virtual da Memória Lajedense” é uma iniciativa do Museu Lajedense Adolfina Pacheco Sá dos Santos, com incentivo cultural do Governo de Pernambuco e do Governo Federal, através da Lei Aldir Blanc. O museu é uma iniciativa do advogado, jornalista e escritor Paulo Henrique Dias dos Santos. O objetivo é a valorização do patrimônio histórico e cultural de Lajedo-PE, através da digitalização de acervos, documentos históricos, vídeos e jornais locais.

REALIZAÇÃO

CNPJ: 29.471.532/0001-99

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